26.4.09

À sua espera


Não posso dizer que acordei da melhor maneira hoje. Não tive nem tempo de abrir os olhos e já estava lá, jogada naquela cama, chorando. Meus olhos arderam, e eu pressionava e aliviava. Mas as lágrimas não paravam de rolar. Tive tempo suficiente para despertar. Despertei, levantei como se estivesse em câmera lenta, olhei para o espelho e lá vi minha fronte refletida e inchada. Especialmente os olhos. Fui andando em passos longos e lentos em direção ao banheiro. Lá, deparei-me com minha horrenda fronte novamente. Escovei os dentes, lavei o rosto e fui imediatamente procurar por um cigarro. Não tinha. Respirei fundo e tomei uma dose de coragem para ir até a padaria. Em passos longos e lentos, eu andava. Olhando sempre para o chão e pensando no que aconteceria se. Ora, isso não mudará nada. Pensar em probabilidades é igual a zero. No máximo, quase nada. Um par de olhos azuis interrompe meu pensamento. "Bom dia", ele diz. "Bom dia", respondo. E continuo com meus passos longos e lentos. Chego ao meu destino, compro meus dois maços de cigarro. Vejo dois conhecidos - mas finjo não ver - e uso o velho truque da invisibilidade. Funcionou. Chego no portão de casa, olho para minha janela. Tudo parece tão morto depois que você se foi. Tudo. Ando por mais um quarteirão, sento-me, vejo as pessoas passando e começo a rezar para que você passe frente aos meus olhos também. Nada aconteceu, além de algumas lágrimas que caíram. Acendo um cigarro, ainda chorando e fumo-o, à sua espera. Uma espera inútil.

Volto para minha casa, deito-me no sofá e lá adormeço. Mais um dia.

24.4.09

A Coisa

Três horas da manhã e ainda não consegui dormir. Amanhã terei de acordar cedo para trabalhar. Aquela coisa chata, patética e indigesta, sabe? Sei que vou chegar lá com uma pilha de coisas para fazer e meu chefe ficará gritando comigo, me apressando. A pressa. Ele ainda não parou para pensar que eu também tenho pressa? Meu trabalho e meu chefe não importam nessa hora.

Só consigo pensar naquela coisa.

Aquela coisa que me tirou o sono nessa madrugada fria e serena. Parece ser uma noite perfeita para dormir, não para ficar aqui, compondo linhas tortas. Ouço um ronco medonho, deve ser o vizinho. É a primeira vez que presto atenção nisso. Ele não tem cara de ser uma pessoa que ronca. Pessoas que roncam têm uma generosa circunferência abaixo do peito e acima do órgão genital, usam bigodes estilo Freddie Mercury e tomam cerveja. Pelo que sei, ele não é nada disso. Mas, de qualquer maneira, sinto inveja dele. Porque agora ele dorme. Eu não.

Porque só consigo pensar naquela coisa que parece não chegar nunca.

Sinto uma ânsia, vinda de não-sei-onde. E percebo que nada é mais do que parece ser. Nada. Por exemplo: Se eu vejo um vaso, ele não é nada mais do que um vaso. Pode ser de vidro, de mármore, de concreto, de barro ou de ouro. Continua sendo um vaso e nada mais do que um vaso. Mas vasos não sentem e nem imaginam. Logo, sinto inveja dele.

Simplesmente porque só consigo pensar naquela coisa que parece não chegar nunca e talvez nem chegue.

Quatro horas da madrugada, meu Deus. E tenho que sair para trabalhar às seis. O jeito vai ser ficar aqui até algum sinal de sonolência aparecer. Celular tocando a essa hora? Quem será? Mensagem da operadora. E se eu estivesse dormindo? Eles teriam a cara-de-pau de me acordar? Que malditos! Lembrete mental: Jogar o celular na próxima avenida movimentada que eu passar.

Despertar. Escovar os dentes. Tomar banho. Cafeteira. Vestir-me. Ajeitar a gravata. Pegar a maleta. Tomar o café num gole. Deixar cair na camisa limpinha.

Droga.
Agora vou ter que trocar de camisa.



P.S.: Encontrei esse texto jogado no Google Docs, escrevi faz um tempão. Espero que gostem.

4.4.09

E enquanto isso, no lustre do castelo...

Muitas coisas acontecendo na velocidade da luz, mas meu desânimo e minha impossibilidade não me permitem segui-las. Mas tudo bem, eu supero!
Ontem foi um dia super legal, apesar de super simples. A Adriana perguntou para mim no msn se poderia vir aqui em casa, eu respondi que sim e chamei a Ark também. Ark não pode ficar muito tempo, inclusive foi embora antes de a Adriana chegar, mas estar com as duas é muito bom. E é bom ver que nossos amigos estão crescendo. Parece papo de velho, mas é gratificante ver que você fez e ainda faz parte da vida de uma pessoa e que vocês fizeram parte do desenvolvimento um do outro.
Como eu costumo dizer: "Tirando o que tá ruim, tá tudo muito bem".

Ah, fiz um Twitter, link ali do lado. Quem me linkar, avisa, que eu linko também.
Sem mais.



"Meus olhos vermelhos cansados de chorar querem sorrir." - Roberto Carlos